segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Bem-estar das crianças e jovens

BEM-ESTAR DAS CRIANÇAS E JOVENS
                         



Texto elaborado a partir de «A Análise do Bem-Estar das Crianças e Jovens e os Direitos da criança», Edições Húmus, e dados do PORDATA.

É reconhecido que as crianças e os jovens constituem o mais valioso capital humano com que se constrói o futuro de uma sociedade, todavia, a realidade dos dias de hoje não traduz este consenso, como prova o facto de que as crianças constituem o grupo etário mais vulnerável à pobreza e à exclusão social na generalidade dos países da União Europeia e de Portugal em particular.
As questões da infância e da juventude têm ficado relegadas para planos subalternizados em relação aos equilíbrios financeiros e ao objetivo do crescimento económico. Mas isto é um paradoxo, pois, como se disse, as crianças e os jovens constituem o mais valioso capital humano com que se constrói o futuro de uma sociedade.
É notório também que continua esquecida a necessidade de dar voz às próprias crianças e adolescentes no que se refere à expressão das suas necessidades e dos seus anseios, capacitando-as para a sua participação ativa na comunidade e exercício de uma cidadania correspondente à respetiva idade.
É em relação às crianças que se torna mais premente assegurar o direito à igualdade de oportunidades em relação a bens básicos (alimentação, cuidados de saúde, acesso à educação e ao sucesso escolar, segurança e cuidado parental), a prevalência do interesse superior das mesmas em caso de conflitos, a educação para a autonomia, a responsabilidade e a participação, o direito de audição em matérias que lhes digam respeito, consoante a idade.
A verdadeira medida do estado de uma nação está na forma como cuida das suas crianças – da sua saúde e proteção, da sua segurança material, da sua educação e socialização, e do modo como se sentem, conforme é afirmado pela UNICEF.
Tratar as crianças de forma indiferente traduz-se no futuro em perda de produtividade e de competitividade.
As crianças são pobres porque as famílias são pobres.
Não se pode ser «família» sem dinheiro.
Não existem sociedades sem famílias.
Queremos crianças felizes, mas precisamos também de adultos felizes para que possam educar e acompanhar o crescimento das crianças. Precisamos de adultos tranquilos, que confiem no futuro, que acreditem nas suas capacidades, que transmitam os valores da partilha, da solidariedade, do respeito aos mais novos.
A Recomendação de fevereiro de 2013 da União Europeia sobre a necessidade do investimento em políticas de apoio às crianças, nomeadamente nas áreas da saúde, educação, proteção social, como forma de combater as desigualdades, apelava no sentido de que a pobreza jamais deveria ser motivo para serem retirados os filhos aos pais.   
A felicidade não está, porém, associada apenas aos bens materiais e as crianças felizes não são necessariamente as crianças que «têm tudo».
A Assembleia da República Portuguesa teve a coragem de reconhecer a pobreza como uma violação dos direitos humanos. Mas a quem responsabilizar? Note-se que até a omissão é uma forma agressiva de negação dos direitos, quiçá, a mais complexa, por revelar indiferença sobre realidades que implicam, direta ou indiretamente, com a vida coletiva.
Assistimos cada vez mais a uma cultura individualista predominante, que tem levado a uma perda de sentido do bem comum. O sistema económico está orientado para o lucro e não para o bem-estar das pessoas. Todavia, esta opção tem mais custos do que proveitos, levando a uma clivagem cada vez maior entre os muito ricos e os pobres.
Por outro lado, há um excesso no que respeita às preocupações pedagógicas, ou seja, parece que estamos a ter tanto cuidado com o «aquário» que nos esquecemos do «peixe», como diz Eugénio Fonseca em “Política Social e Pobreza infantil”. Há uma desmesurada desproporção entre o tempo e esforço que utilizamos na transmissão de conhecimentos e aquele que empregamos na comunicação de afetos. Quem é que gosta da escola? Não se pode admitir uma diferenciação no tratamento dos alunos em função da desigualdade de oportunidades, muito embora se devam ter conteúdos peagógicos adaptados a cada realidade.
O combate à pobreza infantil não pode estar assente em mero assistencialismo, numa política de esmolas. É preciso perceber que se trata de respeitar direitos humanos essenciais para o futuro da sociedade. Existe uma relação direta entre qualidade da infância e da juventude e qualidade do futuro.
As crianças são o grupo etário mais vulnerável à pobreza e à exclusão social.
Na EU cerca de uma em cada cinco crianças vive abaixo do limiar de pobreza.
Recordemos neste contexto que os recursos da família não se repartem de forma igual por todos os seus membros, pois famílias com idênticos rendimentos podem proporcionar modos de vida bastante diferenciados às suas crianças.
É fundamental quebrar o ciclo de transmissão intergeracional da pobreza. E isto não se faz apenas através do aumento de rendimentos dos indivíduos, pressupondo uma intervenção progressiva.
A criança é pobre porque a família é pobre. Por outro lado, sendo a criança pobre, está legalmente impedida de trabalhar e o seu desenvolvimento depende de terceiros.
O conjunto de experiências sociais negativas que se acumula ao longo das infâncias desprotegidas tem uma forte probabilidade de se consubstanciar na construção de uma posição social baixa na idade adulta.
As crianças e jovens pobres apresentam desempenhos na aprendizagem marcadamente inferiores, algo que se consubstancia fisicamente em estruturas cerebrais distintas relativamente às restantes crianças. Na opinião de Hair, Nicole L., Jamie L. Hanson, Barbara L. Wolf, Seth D. Pollak, (2015), “Association of Child Poverty, Brain Development, and Academic  Achievement”, Jama Pediatrics, vol. 53706, pp. 1-8), estas estruturas explicam 20 % das desigualdades de desempenho nos testes cognitivos por si aplicados a indivíduos entre os 4 e os 22 anos. Os resultados em causa vêm mostrar uma relação íntima entre fatores biológicos e sociológicos com consequências globais e duradouras na vida dos indivíduos. A pobreza infantil tem impacto muito para além da infância.
Os dados estatísticos atuais não permitem compreender como é que a pobreza infantil se distribui no território nacional e quais os perfis dos indivíduos em situação de pobreza infantil, até porque as crianças não são unidades estatísticas.
Se em 2014 a taxa de pobreza em Portugal era de 19,5 %, ou seja, um em cada cinco portugueses, a taxa de pobreza infantil (0-17 anos) era maior, fixando-se nos 24,8 %, ou seja, uma em cada quatro crianças. E estes dados devem ter em consideração que a taxa de pobreza é calculada através da mediana dos rendimentos nacionais, a qual tem vindo a diminuir, o que leva a que a referida taxa não tenha sofrido aumentos. Por exemplo, um terço das crianças portuguesas seria  considerada pobre em 2013 se essa pobreza fosse medida com o limiar de pobreza de 2009 e não com o de 2013.
Repare-se também que isto acontece num país onde o número de crianças está abaixo do necessário para se proceder à substituição das gerações. Somos dos países mais envelhecidos do mundo. Com base em dados de 2015, podemos afirmar que há menos 1,5 milhões de jovens hoje do que há 40 anos. Em 1975 eram metade da população. Em 2015, já eram menos de um terço.
Aqueles valores colocam imediatamente a questão dos tipos de apoio que o Estado proporciona às crianças, quer diretamente, quer através das famílias que as enquadram, isto no sentido de minimizar a intensidade da pobreza ou mesmo eliminá-la.
Os principais apoios na matéria são o RSI e o abono de família, podendo ainda falar-se da Ação Social Escolar.
Para o RSI a criança tem um valor diário de 1,8 €, sendo difícil não classificar este valor como baixo. As estatísticas demonstram, todavia, que, a partir de 2010, se vem assistindo a uma queda constante do número de beneficiários de RSI, num, momento em que este apoio social de fim-de-linha é mais necessário. E o pior é que o grupo de das crianças e jovens tem vindo a ver o seu peso cada vez mais reduzido: passou de 40,35% em 2004 e 2005 para 33,8% em 2014. O número de pessoas entre os 0 e os 24 anos beneficiárias do RSI sofreu uma redução significativa a partir de 2010, ficando em 120.404 pessoas entre os 0 e os 24 anos..

O que explica este fenómeno ainda não está explicado, mas poderá dever-se ao facto de as modificações legislativas e de redução de prestações que o RSI tem sofrido ao longo dos últimos anos tenham afetado mais as famílias com crianças e jovens.
No que respeita ao bem-estar infantil nos países desenvolvidos, a nossa posição (15.ª em estudo da UNICEF de 2013) seria em muito afetada se tivessemos em conta apenas a componente «Alojamento e ambiente» (17.ª posição), «Educação» (18.ª posição) e «Bem-estar material» (21.ª posição).
Em novo estudo de 2016 da UNICEF, Portugal ocupa o lugar 33.º em 41 países analisados no indicador rendimento e o 19.º lugar no que respeita ao bem-estar infantil.
As crianças que pertencem ao escalão das 10% mais pobres tem um rendimento familiar equivalente a 40% do rendimento familiar médio.  
As tentativas parentais de proteger as crianças dos efeitos da pobreza têm limites e esses limites consubstanciam-se na escassez de todo o tipo de recursos, o que se reflete na concretização das capacidades, fazendo com que, mesmo nestes casos, a possibilidade de efeitos duradouros da pobreza infantil ao longo da vida dos indivíduos seja muito grande.
O indicador Risco de Pobreza ou Exclusão Social (RPES), definido no contexto da Estratégia Europa 2020 como indicador central no que toca à monitorização da pobreza e exclusão social, contém em si três subindicadores:
- o risco de pobreza (monetária);
- a privação material severa; e
- a baixa intensidade do trabalho na família.   
O risco de pobreza é medido como na percentagem de pessoas que vive abaixo de 60% do rendimento mediano.
A privação material severa diz respeito à proporção de população que não tem capacidade financeira para adquirir quatro ou mais dos nove itens definidos como relevantes no contexto europeu:

1) capacidade para fazer face a despesas inesperadas;
2) capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa;
3) existência de dívidas (de renda, eletricidade, etc.);
4) capacidade de fazer uma refeição com carne de frango ou peixe de dois em dois dias;
5) capacidade de manter a casa quente;
6) ter uma máquina de lavar;
7) ter uma TV a cores;
8) ter um telefone;
9) ter um carro próprio.    

A baixa intensidade do trabalho na família corresponde à proporção da população que vive em agregados  familiares onde, num dado ano, foi despendido um número reduzido de horas a trabalhar (cf. Quando o número de horas corresponde a 20% ou menos do total do potencial de trabalho).

Enquanto medida de bem-estar das crianças, o indicador RPES padece de algumas limitações:
- por um lado, não tem em conta fatores não materiais que possam afetar as crianças;
- por outro lado, não tem a criança como unidade de análise e não inclui qualquer informação que respeite o direito de opinião das crianças, consignado no art.º 12.º da Convenção dos Direitos das Crianças – a informação reportada pelas próprias crianças é muito importante para a análise do bem-estar infantil.    

E por referência ao ano de 2014, temos os seguintes dados:
- o RPES nas crianças foi de 31,4%, ou seja, 584 mil crianças (30% em Portugal e Reino Unido, 14% na Suécia – taxa mais baixa na EU - em 2015);
- o RPES nas crianças (31,4%) foi o mais elevado quando comparado com outros grupos etários, nomeadamente adultos entre os 18 e os 64 anos, com um RPES de 28,3%, e pessoas com 65 anos ou mais, cujo RPES foi de 21,1%;
- 29% das famílias com crianças dependentes encontravam-se em risco de pobreza ou exclusão social e dentro deste grupo as famílias monoparentais e as famílias numerosas (compostas por dois adultos e três ou mais  crianças) são aquelas que apresentaram riscos superiores de 51,7% e 41,3%, respetivamente;
- o risco de pobreza ou exclusão social nas crianças variou também em função do nível de educação dos  pais, havendo a salientar que quando os pais têm um nível de educação superior o RPES foi de 7% e no caso contrário o RPES foi de 48,1%;
- por comparação a 2008, mesmo crianças com pais com nível de educação superior viram o RPES aumentar, pois em 2008 era de 3,8%;
- 25,6% das crianças encontravam-se em risco de pobreza (monetária), valor este que ascende a 36,5% antes de transferências sociais (ex.: abono de família);
- se nas crianças o valor atrás referido (valor antes de transferências sociais) era de 36,5%, já para a população entre 18 e 64 anos era de 19,1% e de 15,1% para a população com mais de 65 anos de idade, o que permite concluir que as crianças são o grupo etário no qual o impacto das transferências sociais  é menor;
- o risco de pobreza nos agregados familiares com crianças e com baixa intensidade de trabalho apresentou uma taxa de 73,9%, taxa essa que foi de 45,4% nos agregados sem crianças e baixa intensidade de trabalho;
- a taxa de privação material severa nas crianças foi de 12,9%, havendo a salientar a taxa de 43,3% no que respeita à incapacidade para fazer face a despesas inesperadas, 25,7% de incapacidade para manter a casa adequadamente aquecida e 16,4% de existência de dívidas.
            Em 2015, a taxa de pobreza, após transferências sociais, foi de :
- 0-17 anos: 22%;
- 18 – 64 anos: 18%
- 65 * : 18%
            Em Portugal, que entrou tarde na modernidade, as representações de uma infância pré-moderna, moderna e pós-moderna continuam intensamente presentes, interligadas e, paradoxalmente, no mesmo tempo e num mesmo espaço.
            Para um mesmo terreno e uma mesma época detetam-se em Portugal modos de viver a infância muito distintos, num processo de entrecruzamento denso e de difícil acesso.
            Em determinadas áreas urbanas verifica-se uma concentração territorial de problemas sociais, muito ligados a políticas de habitação erradas.
Em certos casos, a discriminação começa pelas dificuldades de acesso ao registo civil e a documentação pessoal.
            Verifica-se o crescer de uma cultura securitária e à diluição dos mecanismos informais de controlo social contrapõe-se o aumento das expectativas dos indivíduos sobre os sistemas formais, junto dos quais indivíduos e grupos sociais exigem um maior controlo e regulação dos comportamentos das crianças e jovens. É aos mecanismos de controlo social formal que são delegadas funções que, até recentemente, eram  asseguradas de modo informal  nas comunidades, numa transposição de papéis sociais a que se associa um aumento para a tendência punitiva em reação a determinados comportamentos de crianças e jovens.
Cada criança participa da vida do seu grupo cultural através da família, dos pares e daqueles que lhe estão mais próximos, estabelecendo uma dialética entre o eu, o nós, o outro e os outros a partir da qual constrói e redefine a sua ação quotidiana. Muitas vezes, este processo continua a ser definido a partir da cor da pele ou da capacidade económica.
O acesso a cuidados básicos de saúde é um fator de diferenciação social, oculto sob múltiplas formas.
A violência no seio da família produz consequências a longo prazo.  
O envolvimento de crianças em situações de violência exige cuidados específicos no processo de avaliação de risco, sendo necessárias competências especializadas. Esta avaliação permite o acesso a informações sobre:
- A exposição da criança a situação de violência em todas as suas formas (por exemplo: abuso físico, emocional…);
- O impacto da violência e o potencial de danos futuros;
- O bem-estar e a experiência da criança, incluindo os seus sentimentos; o sentido de responsabilidade; a capacidade para extrair significado das suas experiências e recursos de suporte (estratégias de coping) que possuem e o sentimento de segurança e proteção.
É fundamental reconhecer que a proteção das crianças passa pela segurança e o empowerment das suas progenitoras (ou progenitores…).
O ter-se sido vítima de abuso na infância e a exposição a violência intraparental leva a uma aprendizagem da violência e a identificação com a figura do progenitor agressor, culminando tudo numa transmissão intergeracional da violência.
Existe uma necessidade de comunicação entre o processo criminal e o processo de promoção e de proteção.
As declarações para memória futura devem ser o primeiro ou um dos primeiros atos do inquérito por crime sexual ou por crime que demande idêntica lógica.
É crucial partilhar informação e trabalhar em Rede. As lógicas de privatização da democracia não nos devem levar a criar uma lógica de insulamento também nas instituições.
Mas a intervenção protetiva não pode ser concebida  como se as crianças e as famílias fossem objetos, destinatários ou utentes de serviços especializados, devendo antes ser concebida enquanto veículo de garantia de direitos, sendo para tal fundamental convocar uma imagem renovada das crianças como sujeitos ativos de direitos.
Se as crianças não estiverem alertadas para o direito que têm a não serem abusadas, ou acerca dos perigos que podem correr, serão com certeza mais vulneráveis ao abuso. Para tal é fundamental investir na informação e em formas renovadas de diálogo com as crianças, no sentido de se tornarem protetoras de si mesmas e também dos seus pares.
Todos sabemos que a falta de um rendimento familiar decente não é a única causa de pobreza infantil. O acesso a serviços essenciais como habitação, educação pré-escolar de qualidade e cuidados de saúde podem contribuir largamente para reduzir a privação entre o grupo etário das crianças.
O acesso ao desporto ou a atividades socioculturais é, muitas vezes, mais fácil do que seria de supor, sendo fundamental a constituiçao de uma política local de protocolos que permita às crianças mais  necessitadas usufruir dessas atividades gratuitamente ou a custos reduzidos, sem esquecer que o Estado deve ter aqui uma participação muitas vezes centrada única e exclusivamente no facilitar o transporte, cuja falta se configura como o principal obstáculo à implementação desses protocolos.
Não devemos tomar o rendimento familiar como único indicador da pobreza infantil, pois existem muitas situações em que o rendimento da família pode não beneficiar a criança. Outras vezes, existe uma boa gestão do rendimento, mas os custos de transporte e logística associada não permitem às crianças beneficiar daqueles protocolos, que podem ser constituídos com filarmónicas, clubes desportivos, associações locais, etc.
Existe depois um grupo de crianças que demanda cuidados especiais: crianças com necessidades especiais, crianças em percurso de desinstitucionalização, crianças ciganas, crianças imigrantes, crianças com percursos marcados pelo absentismo e abandono escolar, crianças de áreas urbanas degradadas, etc.
O tempo da criança não é o tempo do adulto.
É urgente combater a pobreza infantil e todas as situações de que são vítimas.
O fundamental não é pensar que futuro queremos para as crianças e jovens, mas sim que crianças e jovens queremos para o futuro.
Para finalizar, alguns dados complementares, por referência ao ano de 2015:
- 16% de jovens em Portugal;
- 29% de taxa de desemprego de jovens (20-24) em Portugal;
- 1,31 filhos por mulher em idade fértil (taxa mais baixa da EU);
- idade média da mulher ao nascimento de um filho em Portugal: 31 anos;
- % jovens (18-24) sem o secundário (2016): 14%;